quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Gostei de saber que você perdeu o medo. Eu também perdi, demorou, mas perdi. Nós tínhamos em comum o medo da entrega. Por isso, nos distraíamos com amores passageiros. No final das contas o vazio nos atingia. Juntos, descobrimos que o medo sempre precisa ser vencido. Separados, vencemos nossos temores, cada um da sua forma, no seu tempo. Acho que a vida coloca pessoas nas nossas vidas por alguns motivos. Com você, aprendi que tudo precisa ter limite.
Acho graça quando você fala aquelas coisas. Você me vê de um jeito que não consigo entender. Me acha mais bonita do que realmente sou. Me acha mais inteligente do que sou. Me acha mais forte do que sou. Me acha mais incrível do que sou. Desculpa, não quero te decepcionar, mas não sou tudo isso. Sei que você conhece meus defeitos, minhas falhas. Mas não entendo como essas coisas não te abandonaram com o passar dos anos. Fico rindo quando você fala que tenho cara de boneca, que meu nariz é perfeito, que minha boca é perfeita, que meus olhos são perfeitos, que meu rosto é todo belo. Não acho tudo isso, falo sério. Não sou essa belezura toda, não sei da onde você tira essas ideias malucas. E, pelo amor de Deus, não sei de tudo, eu tenho minhas limitações, não sou essa inteligência e esperteza toda. Eu conto nos dedos e uso calculadora. Não sei onde fica a Guiana Francesa. Não entendo nada de política. Sempre me embanano no horário de verão, nunca sei se adianto ou atraso o relógio. Também fico pensando "ih, agora nem são 22:31, são 21:31", penso com o horário antigo. Não sou forte o tempo inteiro e não gosto de admitir isso, então não espalha. Eu sou fraca às vezes. Muitas vezes. Sou frágil e estou frágil agora. Tenho passado momentos não tão incríveis, não tão legais. Sei que vou superar, mas nem sempre acho força, então me fecho. Não quero ajuda de ninguém, sou uma filha da puta orgulhosa que não sabe pedir colo, quero que adivinhem. 

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